sexta-feira, julho 19

bonfim

Postado por Ariana Fernandes às 00:02 0 comentários
Por fim sobraram alguns poucos cigarros sujos, uma vodka escondida no guarda-roupa e algumas palavras aprisionadas. O que tenho de melhor são elas: as palavras. Mas não as uso sempre. Guardo-as dentro de um quarto escuro, com a porta trancada e sem nenhuma janela. As vezes, vou até esse quarto e me tranco lá dentro. Eu e as palavras. Reviro-as, e vejo as que mais me agradam. Elas me dizem boas ilusões. E quase acredito no que elas insistem em sussurrar no meu ouvido. Ali, dentro desse quarto, sou o que quero ser. Sedenta pelo vício de ser tudo, sou rica de poesia. Sou o amor perdido. Sou o verso indeciso. Os cinzeiros cheios e o copo de bebida vazia. Sou a moça que chora na esquina. A mentira contada no pé do ouvido. A voz que grita no telefone. Sou o bandido sedento por roubar amor. Sou o desespero e principalmente o caos. Sou ninguém, e ao mesmo tempo sou todo mundo. Sou inclusive Você. Com seus fantasmas, e sua dor baixinha entre os cobertores na madrugada vazia. Sou o seu trabalho, as suas frases feitas, o ar que você respira e a sua insônia. Você é as cores e eu sou o cinza que te mancha. Ou vice-versa. Sou a sua música preferida, a sua nostalgia. Sou você, e você sou eu. Em frações de segundos você não é nada além de mim e eu sou tudo. Eu sou o mundo. Sou o texto, e sou a mão manchada de tinta esfregando um vocabulário imundo na cara de quem lê. E através desse quarto onde guardo essas palavras, sou nada além de alguém com alguns poucos cigarros sujos, um resto de vodka, algumas palavras aprisionadas e alguns passos pra lugar nenhum. Sou também o fim.


Enfim...

domingo, abril 28

Postado por Ariana Fernandes às 19:49 2 comentários

Eu não vou dizer o que eu quero dizer
Pois não cabe

Mas não vou me calar
É madrugada

[...]

Foi só você sorrir
e eu aprendi a torcer
e enlouquecer quando é jogo do Timão

Foi só você sorrir
pra fazer o mundo parar de girar
em um show do Cabruêra

Foi só você sorrir...

Eu vou buscar a lua
pra combinar com as duas estrelas dos teus olhos
É só você sorrir

Vou segurar tua mão com tanta força
pra ninguém nunca mais ter que partir
É só você sorrir

Vou decorar esses versinhos pobres
e escrever na tua porta com giz
É só você sorrir

É só você sorrir...

segunda-feira, abril 22

Compasso

Postado por Ariana Fernandes às 20:29 1 comentários
Tic Tac Tic Tac

Observo
os teus passos compassados
Um segundo, um tic
Mais um, um tac
Bem ali, só o eco da batida
Verdade?

Tum Tum Tum Tum Tum Tum

- Alô?
-Tá ocupado!
- Então tá, amigo...

Tum Tum Tum Tum Tum

Será sempre meio metade?
Entrego-me ao tempo

Tic Tac Tic Tac Tic Tac

[...]

quarta-feira, abril 17

tão louco quanto sempre fui

Postado por Ariana Fernandes às 22:38 0 comentários
O cigarro acabou ao mesmo tempo do capitulo 10 daquele livro

Eu tô ficando louca
E nem posso dizer que a culpa é daquele puto...
A paixão me enlouquece um pouquinho todo tempo.
Engraçado como eu sempre acabo absorvendo um pouco do autor que eu tô lendo
Fui até a cozinha e preparei uma dose de scotch
Eu tô ficando louca. E a culpa é daquele puto
Do autor. Não do rapaz.

Não do rapaz...

De olhos que me sorriem moleques
Em um rosto de uma expressão tão madura
Em um rosto de uma expressão tão infantil
Ele é um universo
E um dos meus sonhos de criança era ser astronauta.
(além de princesa. heroína. pirata. sonhadora.)
Sonhadores.
Então crescemos, para o mundo exterior
Então crescemos, em nós
E, contrariando todas as leis da astronomia,
o mundo gira com a única finalidade de que os universos se choquem
Mais uma vez.

Mais uma vez...

E,

Postado por Ariana Fernandes às 22:34 1 comentários
Uma quase sábado, um quase fim de ano, chuva fininha, gente indo e vindo, buzina, carro e qualquer caos urbano distante de nós dois. Aqui dentro, um restinho de você. Uma sombrinha de tua educação fingida, umas gotas pingadas de sonhos tolos e qualquer lembrança vaga do seu riso. Nem tanto la fora e muito menos aqui dentro. Conversa mole, café, quinquilharia verbais, jeans surrado, tempo bom ao frio e vento. E você me pergunta se eu estou cansada pra sair com você? cansada, eu? Imagina. Sou inesgotável. Passei o dia inteiro tentando me livrar de sérios problemas, papelada chata e de qualquer lembrança tola que trouxesse você de volta. E tudo isso pouco te importa. E seu cabelo fica melhor despenteado. E você, culpando o vento. E eu, aceitando suas desculpas. Eu aqui, corpo aberto, esperando o abraço e você falando pelos cotovelos. Que tal o silêncio e uma carona cheia de desejos? E você me olha cheio de vontade, como quem mendiga por um pedaço de pão. E eu só tenho vinho. E quanto tempo será preciso pra se viver exato o tempo inteiro? E são tantas as perguntas que me perdôo diante do seu movimento preciso. As horas martelam o relógio e continuo interrogativa. Me assumo e desisto das respostas. 

Odeio flerte e a vadiagem do lenga lenga do não dizer, do parar numa esquina qualquer pra não se molhar na chuva. Olha, vou pra casa, tomar um banho, usar outro sabonete, outro perfume, outro batom e ai você vai ver a minha outra face. Uma que você nunca viu. E pronto. Novinha em folha. Com outros cheiros, outros sabores, ensaiando outros sorrisos, outras metáforas. 

Há escolhas. E essa é a minha.

domingo, abril 14

sobre não ser comida pelos Bantos

Postado por Ariana Fernandes às 14:27 0 comentários
Eu existo.
Você existe.
E existir é toda a beleza do universo.
É onde reside a felicidade de Pequena Flor.

terça-feira, abril 2

Sem Título

Postado por Ariana Fernandes às 14:49 0 comentários
Brincadeiras bobas, e palavras casuais
- Vem, a vista lá de cima é mais bonita!
Nem chegaram até lá em cima,
Os pés já se encontram meio que sem querer,
e os pêlos do braço dele fazem aquela leve cócega ao encontrar os dela.
-Vem!
Ele a toma pela mão e a guia
Transboradaram.
Talvez porque no escuro a nudez é menos crua.
e num repente,
os olhos quase sempre mudos esparramaram poesia pelo chão.


Nomeei-lhe assim
Desta coisa sem nome
Pois não tinha título algum
Que pudesse lhe dar
Rabisquei-lhe uns traços
E lhe fiz de balbucias em verbos
Uns versos sem honras
Sem título ou mérito
Só pra não perder o hábito
De me desfazer
Em letras e pontos e riscos